Vem s'embora, vem moreno
Deixa dessa vida doida
Largue todas suas roupas
Vem pisar naquele chão
Que não tem mais nessa cidade não
Inda agora os passarinhos
Se espalharam na varanda
Entoaram belos mantras
Sonora jubilação
Que não tem mais nessa cidade não
Aí não dá pra parar
Tem que se multiplicar
Descanso é preguiça
Estão em busca
De um melhor padrão de vida
Mas vivem na correria
Quem pode desfrutar?
Querem se modernizar
Se globalizar
O mundo importar
Quem foi que disse
Que pode mesmo ter tudo?
Afinal tudo não cabe num só lugar
Vem s'embora, vem moreno
Abre mão das tuas coisas
Vem provar daquela fruta
Banhar-se no ribeirão
Que não tem mais nessa cidade não
Pois aqui não falta nada
Se colhe o que se planta
Vez em quando a terra seca
Vez em quando é o coração
Vem cá pra alegrar este meu sertão