Eu tenho um sonho
De que um dia todo negro possa passar pela sua nota
Sem precisar da cota
Mas até lá, como pode ser o negro patriota?
Se ele ainda é minoria nas universidades, nas novelas
Mas continua maioria nas cadeias e favelas
Dizem que por aqui não existe preconceito racial
Então vai ver qual a raça
Que mais sofre com a violência policial
Que mais sofre assassinato e exclusão social
Qual?
Diz pra eles Mano Brown
Diz pra eles Mano Brown
Se houver preconceito, negro, não se omita
Não permita
Pra que aquilo que aconteceu com o goleiro Aranha
Jamais se repita
Se zangue, mas sem sangue
Negro, não se vingue
Mate, lute, xingue
Não!
Martin Luther King
Irmão
Ser negro não é condição, é consciência
Por isso afirmo aqui: sou negro desde nascença
Na sua crença, no seu canto, na sua mais pura essência
Vem de Zumbi minha luta
De João Cândido minha resistência
Sou Mandela sou Bambata, sou Bantu, sou Keto
A Revolta da Chibata, Passeata de Soweto
O meu corpo não trás prata
Mas minha alma, sim, trás preto
E não importa minha cara ou condição geográfica
Que uma coisa fique clara: o meu sangue é lá da África
E quando eu digo "Black Power"
Não me refiro ao cabelo
Pois não é pela pele, é pelo apelo
Me chame de Ali, Muhammad Ali
Negro não se cale, você sabe o quanto vale
Honre sua raiz e corte o mal pela raiz
Com seu afiado machado, Machado de Assis
Seja Joaquim Barbosa, Racionais Mcs
Pela luta na igualdade dos direitos civis
Mas não seja mal com M
Seja Malcolm X
Pra que nenhum pensamento tolo possa interrompê-lo
Pois não é pela pele, é pelo apelo
Pra que o sonho de Martin não se transforme em pesadelo
Pois não é pela pele, é pelo apelo