Quando foi a última vez em que você soltou o leme e confiou?
A última vez em que dobrou os seus joelhos
E se libertou da triste pretensão de se bastar?
Solte as mãos! Você não está sozinho!
Solte as mãos! Não dorme o olhar que vela por você!
Quando foi a última vez em que você desabrigou a sua dor
E se abandonou na rara calma de quem sente o amor a lhe guardar
E assim buscou impulso pra saltar?
Solte as mãos! Você não está sozinho!
Solte as mãos! Não dorme o olhar que vela por você!
A vida joga e você nem sente o golpe na mente que chega pra te derrubar
Na tentação de ser suficiente, você insiste, inocente, na nóia de se sabotar
O mundo é tróia, você é aquiles, o invencível
Daqueles, que ninguém pode derrotar
Até o instante em que o tempo fecha
O corpo cessa, é a flecha que atinge o seu calcanhar
Então você começa a ver tudo girar, e tróia se diverte ao ver você sangrar
E o que mais temia, olha que ironia, é a flecha que te obriga agora a se dobrar!
Será que agora você pode entender?
Será que agora você pode aceitar?
Joelho no chão, faça uma oração!
Não dorme o olhar que vela por você!
Solte as mãos! Você não está sozinho!
Solte as mãos! Não dorme o olhar que vela por você!