Deixo minhas cinzas abaixo
e tudo o que consegui
para que seus dentes dilacerem os despojos
deixo meus olhos para o verme
e a minha cabeça para o príncipe
mas fico com meu coração
As palavras são apenas para os que querem ouvir
mas o que fiz foi também por você
aos que não se importam: que morram sob a indiferença
aos que olham de longe: sintam o calor
E venha, se conseguir
é só uma boca
um braço e mão que podem ser cortados
ossos que podem ser quebrados
além disso nada se pode fazer
pois as palavras já estão cortando no ar
ferindo a estupidez
furando a consciência
e ao mesmo tempo elas vivem nos cantos dos sonhos
Fique com a doce vida de licenças
nada se aplica a você
justifique como sempre convém
tudo é tão subjetivo
interprete como sempre convém
e afunde
e regale-se no próprio desperdício
Converse com o fogo
implore pelos dias do passado
já não há mais dentes para ranger
pois até o vento que fere não soprará mais para você
Deixo tudo para que seus dentes dilacerem os despojos
mas fico com meu coração
as palavras
o que fiz
os que não se importam
os que olham de longe
e venha
um braço e mão que podem ser cortados
ossos ferindo, furando
e agora eu vivo nos cantos dos sonhos
Fique
nada se aplica a você
justifique
interprete
afunde
E para sempre
converse com o fogo