É PRECISO
Minha mãe no tanque lavando roupa...
Minha mãe na cozinha lavando louça...
Lavando louça
Lavanda roupa
Levando a luta, cantando um fado
Alegrando a labuta
Labutar é preciso, menino, lutar é preciso, menino, lutar é preciso
A bola correndo na pedras redondas da rua São Carlos
Deságua no asfalto do Largo do Estácio
...e o menino atrás, oi lá
Meu menino atrás, e vai...
Mais um menino atrás
Ô Dina, é preciso olhar essa vida além desse filme do
Cine Colombo
Saber dessa lama na festa do Mangue
Conhecer a fama que cantam da dama... pois ela,
Com jeito e carinho me chama... e leva a luta sem choro
Nem drama, né mãe
Labutar é preciso, ô mãe
Lutar é preciso
O estribo dos bondes que cruzam o largo, trilhando
Avenidas, ruelas e becos, me deixam na Lapa ou na galeria,
Ou no Café Talia, e é lá que eu encontro "papinho"
No "ponto" e volto pra casa com ele cansado com
Pouco trocado, violão calado, violão calado, violão cansado, calado
Cansado
Ê mãe
Labutar é preciso
Né mãe
Lutar é preciso
Mas mãe não se zangue que as mãos eu não sujo
Apenas eu quis conhecer a cidade. Saber da alegira
E da felicidade que vendem barato em qualquer quitanda,
Mas volto arrasado, tá tudo fechado. Talvez haja falta
Não há no mercado?!... e hoje, Ô Dina
Nem é feriado
E hoje, ê Dina
Não é feriado
Vê mãe, labutar é preciso
Lutar é preciso, ô mãe...
Lutar é preciso.