Levantei a tampa, voltei ao passado
Meu mundo guardado dentro de um baú
Encontrei no fundo, todo empoeirado
O meu velho laço bom, de couro cru
Me vi no arreio do meu alazão
Berrante na mão, no meio da boiada
Abracei meu laço, velho companheiro
Bateu a saudade, veio o desespero
Sentido o cheiro da poeira da estrada
Estrada que era vermelha de terra
Que o progresso trouxe o asfalto e cobriu
Estrada que hoje chama rodovia
Estrada onde um dia meu sonho seguiu
Estrada que antes era boiadeira
Estrada de poeira de sol, chuva e frio
Estrada ainda resta um pequeno pedaço
A poeira do laço que ainda não saiu
Poeira da estrada só resta saudade
Poeira na cidade é a poluição
Não se vê vaqueiros tocando boiada
Trocaram cavalo pelo caminhão
E quando me bate saudade do campo
Pego a viola e canto a minha solidão
Não me resta muito aqui na cidade
E quando a tristeza pega de verdade
Eu mato a saudade nas festas de peão