Do meio do nada eu vim
Para o meio do nada eu vou
Pelo meio fui vivendo
No meio que me criou
Do meu copo meio cheio
Fiz o meu redemoinho
Nem sempre chegou certeiro
Nem sempre foi mau o vinho
É, tanto para fazer
E tanto ardeu pelo caminho
Fechar os olhos para ver
O que atravessou o meu destino
A vida é cheia de cores
E gostos não se discutem
Nunca fui de seguir modas
Quando vejo que não cumprem
Já fui juiz e julgado
Fui empregado e patrão
Já dividi meu bocado
E já mordi como um cão
É, há sempre razão
Quando não tens outra saída
Encontrar a solução
Voltar à casa de partida
Quando a morte me encontrar
E dos meus verdes olhos se rir
Assinar-me a partida
Vou ter de lhe deixar
As cores que ela me deixou usar
Enquanto lhes dei vida
Se tu as encontrares
Pode ser que tinjam teu refrão
Marquem tua corrida
E possas tu levar
Pois a carga está sempre a aumentar
Até à despedida