Foi na Travessa da Palha
Que um petiz de olhar bizarro
Com outros da sua igualha
Me pediu uma mortalha
Para fazer um cigarro
Por tal mortalha ter dado
Um amigo censurou-me
Respondi-lhe incomodado
Também a fome é pecado
E há tanta gente com fome
E o petiz de olhar bizarro
Disse-me adeus, obrigado
Distraído com o cigarro
Não viu que passava um carro
E morreu atropelado
Foi na Travessa da Palha
Que um garotito morreu
Foi p’rá vala da canalha
Mas levou uma mortalha
Novinha, que lhe dei eu
Nos cigarros que consumo
Nas fumaças que desfaço
Vejo o garoto no fumo
A pôr luto não costumo
Mas pus um fumo no braço