Se tisnam tons de fumaça
De contra o fio do horizonte
E o vento trás num reponte
Gavionas de cola alçada
Lobunas entropilhadas
Redemoneadas na poeira
Rompendo pelas porteiras
Que nem tropa estourada.
A pampa se empardece
Prenuncio de temporal
E uma tropilha bagual
Alinha a cola pra chuva.
O céu manto de viúva
Se desbota no aguaceiro
Quando um raio matreiro,
Afocinha na timbaúva.
Trovoadas que se repetem
Como touro em desafio
E o vento faz corrupio
Na crista dos arvoredos
A lua talvez com medo
Nem da sinal de vida
E a tarde estremecida
Já se recolhe mais cedo.
Um raio na cola do outro
Se reflete no açude
Rasgando a negritude
Dessa tarde azarenta
Lembro o taura que agüenta
N'alguma ronda de tropa
Onde até a alma se ensopa
Na fúria de uma tormenta.