Mano veja bem minha história também
Não é muito diferente dá de ninguém
Já sorri, já chorei, já perdi, já ganhei
Já menti, já roubei, pelo vale passei
E acreditei num mundo melhor
Afundado no álcool no crack e no pó
Vários manos ao redor sem futuro
Também pois nunca está só
Quando tem as de 100, as portas se abrem
As minas também, num escuro difícil saber
Quem é quem, mais um negro drama
Num poço de lama bem longe da luz bem longe da fama
Condenado á 12 anos de cana
Separado do mundo, das pessoas que ama, sem reação
Sem voz ativa, na solidão sem
Perspectiva só papel e caneta e uma breve missiva
Mãe mó saudade que tô da senhora, já não aguento mais
Mó vontade de ir embora, e o pai
Melhorou já saiu do hospital, a senhora me falou
Que ele estava bem mal, no dia da
Visita manda um beijo pra ele, e dá por mim
Um abraço daquele, fala que eu tô bem
Não preocupa ele não, que logo tamo aí
Todo mundo juntão, sentado na sala vendo
Televisão, ou jogando truco ouvindo jorge aragão
As raridades são os seus prediletos
Joel, jamelão, cartola incerto, na mente
Os flashes, as recordação, no peito rancor mágoa e
Aflição, sentimento de culpa, desilusão
Mas um pecador em busca do perdão, de joelhos
Na cela com a biblia na mão, na mão, na mão
Final de semana visita na ilha, já faz uma cota
Que eu não vejo minha filha, deve tá grandona
Bem diferente, com nossos traços
Inteligente, já são 9: 30 não chegou ninguém
Nunca atrasou, pô será que não veem
Deu um barato estranho, uma cabreragem, e eu com
Olhar fixo na carceragem, é já era melhor desencana
Não veio não veio, não adianta
Chapa, o dia vai ser longe cruel e sem graça
A hora na cadeia
Sem chance não passa
O mano do barraco tá me ligando, acenando com a mão
Gesticulando, da licença aqui fala
Aí qual que é, piriri pra você jijhow
sua mulher, amor tenha fé
Muita calma entendeu
Nessa madrugada seu pai faleceu, faleceu, faleceu