Sou caboclo forte, não sou prematuro
Tenho sangue puro e o cheiro da terra
Moro num recanto entre os passarinhos
Num farto ranchinho na encosta da serra
Bebo água que nasce por entre as colinas
Pura e cristalina que dispensa cloro
Tenho uma cabrocha, formosa pequena
Cheirosa açucena flor que mais adoro
Quando é madrugada o misterioso galo
Num clima de embalo canta matinal
E a passarada em ternos gorjeios
Fazem seus recreios num tom magistral
Desperto contente, contemplo as belezas
Todas a purezas que o Cristo criou
É um cenário eterno, obra sem igual
Que o Rei celestial o abençoou
Não tenho medalhas, troféus e diplomas
Não vivo de somas e tais fantasias
Minha galeria é uma tuia cheia
Para a santa ceia de todos os dias
Meu ventilador é a brisa mansa
E me traz de bonança o aroma das flores
Meu televisor é as lindas campinas
Que produz divinas imagens a cores
Aqui levo a vida às mil maravilhas
Longe das guerrilhas e dos fariseus
Não tenho um dólar, nem libra esterlina
Mas tenho a divina proteção de Deus
E de forma alguma nunca fui manchete
Isto só compete a certas figuras
Mas tenho em minha alma o amor, o bom senso
Adoro o silêncio e as coisas mais puras