Quando o sol se pôr eu vou me acostumar com a sua ida
Quando a minha dor se acalmar e encontrar uma saída
Eu vou ir e rir das coisas que eu não pude ter
Eu vou perceber que não valeu à pena ser só mais um
Só mais um entre tanto e entre todos
Olho a ingratidão que escorre e seca dos teus olhos
E verei também a própria falta, a falta de si mesmo
A renúncia a felicidade e a entrega a todo medo
O medo que sobrou, que restou de sua partida
Mas você não se importou porque tanto a minha vida
Como a de todas as pessoas
Que se passaram na sua frente foram levianas
E até insuficientes para seu caráter distorcido
Mas tão transparente que te mostra
Como um ser que não vê a dor e nem sente
Só ilude e oprime como o mel sem sua abelha
Ou a teia que tece a vida da solidão alheia
Se você, sem querer, se pusesse em seu próprio jogo
Veria a crueldade que emana dos seus ossos
De seu corpo de sua mente e do fundo de sua alma
Que recusa o amor e só o desejo acalma
Mas um dia então verá
Que não é assim que brinca
E no seu jogo acabará lidando com sua sina
E colherá todo este mal de volta em sua vida
De volta em sua vida!