A noite põe um susto na janela
O medo faz as cenas do começo
Um velho lampião refaz as telas
Que o dia só termina pelo avesso
Num mar emoldurado na parede
Que o tempo retocou de jenolim
Um pescador franzino joga a rede
E apanha Moby-Dick para mim
E o sonho já deixou de ser Clarice
No lúcido calar de cada ato
Não tema velha amiga ainda existe
Um pouco de menino em cada braço
Não deixe de apagar o lampião
O dia invade a porta e bate sinos
E a noite foi cadáver de um ladrão
Que amanheceu vendendo matutinos