Laço de couro
Trança fina e caprichada
Pra pegar boi na invernada
Sempre foste absoluto
Pois o progresso
Em sua marcha eminente
Não criou um concorrente
Para seu substituto
Laço de couro
Ao te ver enrodilhado
Na parede pendurado
Me invade a tristeza
Porque me lembro
Que em tempos bem distantes
Nos transportes dos marchantes
Te manejei com destreza
Laço de couro
Não que eu era convencido
Mas fica envaidecido
Vendo seu rodopiar
Caindo certo
Na cabeça dum garrote
Fazendo virar cambote
Para o povo admirar
Laço de couro
Quantas vezes na quebrada
Qual serpente envenenada
Segurando um pantaneiro
Laço de couro
O ringido dos seus tentos
Era um divertimento
Pra este velho boiadeiro
Laço de couro
Já venci o meu fadário
Mas guardei no relicário
Da minha imaginação
Todas as glórias
E os prazeres que me destes
As jornadas mais agrestes
Do meu tempo de peão
Laço de couro
Que nunca teve embaraço
Manejado pelo braço
De um peão forte e ligeiro
Laço de couro
Até hoje é aplaudido
Pelos peões destemidos
Nos rincões do mundo inteiro
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)