Inferno Aparente
Acabo de ouvir o som irritante dos sinos
que avisa a meia-noite como quem avisa o FIM
as vezes dentro de mim escuto algo, como hinos.
Caminho sem destino, pensando no mundo sem mim,
horas refletindo para descobrir que ele seria o mesmo.
No céu a lua cheia se esforça inutilmente
para tentar iluminar minha escuridão
algumas nuvens parecem querer dizer que tudo é ilusão
mas outras gritam que nada prescisa ter razão
A coruja se aquieta em cima de uma tabúa curta,
vigiando tudo que na rua se passa
talvez soubesse ela esclarecer minhas dúvidas,
das quais algumas nem sei como perguntar
mesmo assim tento me aproximar,
mas nem coruja quer ouvir minhas loucuras,
e num instante ela se põe a voar.
O vento que no meu rosto bate,
vem com intensidade me lembrar
que não tenho ninguém para me consolar
e nem mesmo algo para me apoiar.
E quando tudo se acalma, me ponho a perguntar;
Serei eu mais do que bugiganga de mascate?
Me deito no chão e meu coração
parece ser apertado por um alicate de emoção
que esmaga qualquer consolo restante.
Se parece cocaina não sei,
mas tristeza concerteza terei.
deitado, ao longe avisto dois faróis
e num piscar de olhos penso em levantar,
mas solidão pesa e não consigo me movimentar.
Neste momento escuto hinos fúnebres,
e finalmente terei um lugar para descansar,
parece apertado, mas para Um Só dá.
Ronan Ferrari