Entra ano
Sai ano
Ele continua ali
Tão sujo que se confunde
Com seu lar-doce-lixo
Ele nos vê de longe
Mas o Maluco da Ponte
Se põe a reclamar
Se embaixo de cada uma
Não moram uma ou mais famílias
Porque as pontes não têm banheiros e quartos?
Fiquei inerte olhando os pássaros
Voando em torno da sorte fatal
Dividindo o chique e o cruel
Não vejo a pessoa normal
E o futuro está acanhado
De exibir a riqueza dos cofres
Infestados de barris de pólvora
Você caminha com cuidado
Pra não perder a sua, o céu e os seus
À noite passa o trinco
Que nem abrigo nuclear
Sem saber se o inimigo
Já está dentro de casa
Mas o Maluco da Ponte
Se põe a reclamar
Se em toda ponte mora gente
Porque as pontes não têm banheiros e quartos
Banheiros e quartos
Com banheiros e quartos
Quartos...