O meu chapéu empinado, pra enxergar mais horizontes
Deste pampa iluminado, onde eu bebo em suas fontes
Um par de botas surradas, de espinho e de pedregulho
Um trinta bem carregado, que é fazedor de barulho
A carneadeira lambendo, aparadeira de osso
Um colorado abanando, no tronco do meu pescoço
O mango de lonca forte, conselheiro dos ventenas
E ?nos garrão? de bom porte, o aço puro das chilenas
Sou gaúcho campesino, descendente missioneiro
Que reponto meu destino, sendo amigo e bom parceiro
Um gáudio de bom tamanho, no sabor da tradição
E o rio grande de antanho, me palpita o coração
O meu laço doze braças, trançado bem a preceito
Quando serra numa armada, lhes confesso é um respeito
Meu potro forte e garboso, mais crioulo da manada
E o meu cusco prestimoso, um guerreio nas quarteadas
Pode parecer tão pouco, mas eu me sinto contente
Pelo rancho e meu galpão, e este campo verdejante
A prenda e a criação, amizade abundante
E muita disposição, pra tocar a vida a diante