Ele veio de longe carregando a mochila, no rosto as
marcas trazidas pela vida.
Pela marginal de mais uma rodovia, sua garganta seca
é só mais uma agonia.
Há três dias que não fala uma palavra sequer, com
seus filhos, amigos, ou sua mulher.
No bolso traz uma foto uma promessa que quer pagar pro
seu pai e aumentar a fé.
Lágrima salgada, sua face suja, dorme ao luar,
cantando aleluia,
Ai meu Deus é que o senhor é quem sempre me cuida,
Na vertigem, no cansaço toda vida muda.
Vida muda deixa eu falar também.
Praquele que não vê o acaso como dádiva e se revolta
sempre.
E que quase sempre se depara com uma garrafa de garapa
fermentada,
rotulada de felicidade pra dormir de bem.