Nuvens e mais nuvens escuras carregadas
Preenchem a imensidão ecoando trovoadas
Previsão de rajadas, de agonia
Impedindo o sol de brilhar mais um dia
Cai a chuva fria de desigualdade
Miséria, ilusão alagam a cidade
Enxurradas nas sarjetas de ambição
Entopem os bueiros de corrupção
Transborda a frustração, sufoca a revolta
Na sede de vitória se afogam na derrota
Seguindo na rota, descaso constante
Ofuscado na visão de quem usa Montblanc
Alucinante, incessante, busca pela bonança
Ignora a esperança de uma criança
Tempos de escassez na solidão
Esperando o sol clarear minha visão
A chuva cai, como uma rajada de metralha
A chuva cai, cortando mais do que navalha
A chuva cai, derrubando calha e canalha
Lavando minha falha e me incentivando pra batalha
A chuva cai, escorre em meu rosto como lágrima
Molha meu corpo, queima como magma
Um relâmpago clareia frustração na obscuridão
Trovão alerta, pancadas de corrupção
Que cai dói, nossa esperança corrói
Lares e lares a tempestade destrói
Arrasta em massa pique tsunami
Com fome, lutadores tem medo do tatame
Aqui é cada um por si nadando no constrangimento
Voz de lamento, tudo perdido ao alagamento
A justiça em casa dormindo na preguiça
Só acorda quando dão corda por meio da cobiça
Afogam em seu ódio os inocentes
Que caminham na lama do drama como sobreviventes
Tamo junto no mesmo barco literalmente
Resgatando almas, corpos e sonhos ao meio da enchente
A chuva cai; como uma rajada de metralha
A chuva cai; cortando mais do que navalha
A chuva cai; derrubando calha e canalha
Lavando minha falha e me incentivando pra batalha