Ah, quero ouvir as serenatas,
Ver crescer as nossas matas
E tocar um violão.
Ah, meu amigo, vem cantar,
Pois o dia vai raiar,
E morar nesta canção.
Ah, que saudades do poeta,
Do artista, do profeta,
Que o tempo eternizou.
Ah, como eu falei das flores,
Liberdade, beija-flores,
Que meu coração sonhou.
Ah, ver crianças pelas praças,
Paz e pipa, pão de graça,
Como o cheiro de hortelã.
Ah, água pura ali na fonte
E a gente olhar os montes,
Sem ter medo do amanhã.
Ah, o meu lindo continente
Que fez do sangue a semente
Para ver o sol nascer.
Ah, nossas matas tão bonitas,
Verdes mares, canto a vida
Quando o dia amanhecer.
Ah, quanta luta na fronteira,
Tanta dor na cordilheira
Que o condor não voou.
Ah, dança e terra guaranis,
De uma raça tão feliz
Que o homem dizimou.
Ah, vou nos passos de um menino,
No meu coração latino
A esperança tem lugar.
Ah, quando bate a saudade,
Abre as asas liberdade
Que não paro de cantar.