Toco em cordas de sentimentos
Amarro o tempo num varal
Faço infinito meu momento
Em terra doce eu sou o sal
Toco a canção da liberdade
Pra quem tem medo de voar
Pra quem me trai sou a maldade
Buscando um Deus pra confessar
Sou carta perdida no meio do baralho, sou alho...
Eu sou a cantiga de um carro de boi
Eu sou do tamanho de um dia de fome, meu nome...
Eu sou lingua felina dizendo quem foi
Sou brabo que nem um cachorro pé duro no muro
Sou galo-campina, chofrêu, sabiá
Sou arma, sou faca, sou bala, onde eu miro eu atiro
Sou medo no olho de quem vai matar
Sou conta de luz perto do vencimento
Sou vento, sou tempo, sou brisa, sou ar
Em partida perdida sou carta marcada
Sou mais um sortudo no jogo de azar
Sou mito, sou grito, sou vício do forte
Sou azar e sorte eu sou qualquer um
Sou velha sentada catando piolho, sou olho no olho
Sou a velha sorrindo achando mais um
Sou planta crescendo quebrando a calçada
A facada, a latada, o pé de jerimum
Sou cada minuto da noite sem sono
Sou pano rasgado cobrindo mais um
Eu sou da saudade o gosto do destino
Um traquino menino, o trabalho, o trator
Eu sou a seresta, a viola e a feira
A borda da beira
Eu sou luz apagada de quem não pagou
Postado por Nath Freitas