Eu venho de longe
Cortando o estradão
Num baio valente
Ligeiro das mãos
Eu trago no peito
Antigos carinhos
E a cruz Guarani
Eu não ando sozinho
Um opala vermelho
Rufando o vento
E o poncho emalado
Pro pouso ou relento
Chapéu desabado
Ao sol de janeiro
E o braço roçando
Na faca coqueiro
Me vou para o povo
Campear um festa
Carreira e bailongo
É o pouco que resta
pra quem passa o tempo
Longe dos cambichos
Num fundo de campo
Cantando pros bichos
Por onde eu passo
Eu deixo lembranças
E a china na porta
Com flores na trança
Um lenço abanando,
Um choro contido
São provas de afeto
No mundo em que vivo
Assim eu reponto
A sina de peão
No coice do arado
Dançando um bailão
Toldar um ventana
Pra vê a namorada
São gostos que tenho
e não troco por nada.