De volta ao passado
Não tem quem me mande
O quem enche os olhos
Não me enche o bucho
Eu não me deslumbro
Com carros de luxo
Me sinto pequeno
Na cidade grande
Na rua em me estresso no campo eu relaxo
Plantando e colhendo pescando em riacho
O rancho é humilde mas a terra é nossa
No subúrbio triste eu não vejo graça
Passo o dia em casa olhando quem passa
Inalo fuligem respiro fumaça
Isso não é vida pra quem é da roça
Eu ainda quero ver as matas virgens
Andar pelas trilhas e ouvir cachoeiras
Folhear cordel no meio das feiras
Sem romper os laços com minhas origens
Não sou assassino
Pra ver tanta grade
Na casa onde moro
Pra ter segurança
Por estas e outras
Eu sinto saudade
Do rancho sem porta
Onde eu fui criança
De todos os erros que eu já cometi
O pior de tudo foi mudar pr’aqui
Perdendo o costume dos costumes meus
Como os edifícios que interditam vias
Aqui as pessoas são duras e frias
E nesse corre-corre do todos os dias
O dinheiro é posto no lugar de Deus
Eu fui Incubado
No berço da flora
Tenho parentesco
Com o povo nativo
Hoje como um peixe
Fora d’água vivo
Meu mundo está dentro
Do mundo lá fora
Aquele é que é canto aquela é que é vida
Sem droga encontrada sem bala perdida
O povo é feliz e com razão de ser
Eu dou minha alma se Deus der um jeito
Pra que se refaça meu sonho desfeito
Lá se eu viver tudo que tiver direito
Antes de mil anos não dá pra viver.