Era uma missa campeira na capela do Itaó
Eu tava mal de cavalo e encilhei um burroxó
A festa era um formigueiro e do meio saltou um borracho
Que gritou: Lá vem dois burro, um em cima e o outro embaixo
Entrei pra dentro da igreja e o meu burro entrou também
Me tiraram as aleluia e o burro só disse amém
Aleluia
Aleluia
Aleluia
Aleluia
Me deram um tapa nos beiço e dois cascudo na cuia
Mas o burro é bicho tenso, não muda nem com milagre
Virou o copo e a bandeja e inda bebeu o vinho do padre
O burroxó enlouqueceu, lhe juro por essa luz
Meteu as pata no altar e derrubou Cristo da cruz
Uma beata me surrava com dois metros de rosário
Fui encontrar o burroxó dentro do confessionário
Tenho rezado de joelho pra ver se alguém vai ter dó
Faço o burro se ajoelhá inté pelá os mocotó
Vou fazer uma romaria lá pras banda do Caaró
O burro tá de castigo, tchê, nunca mais vai pro Itaó
A peleia virou lenda lá naquele cafundó
Inté hoje o povo se benze quando enxerga um burroxó