Daqui para a frente, é só queimar pontes
Antes do concerto, encontra-me entre o público
na fila da frente, a gritar "esse merdas nunca mais chega"
Eu vim ao mundo de olhos abertos e já com a noção do espaço
Contemplei a luz a abrir como se a película do filme queimasse
Não sei se estou a ser claro. Cuidado, pêgas
que o homem está de volta para converter umas freiras
trocar umas ideias, coleccionar escalpes, pilhar umas aldeias
Senhor feudal que veio pra desflorar a noiva alheia
qual mortal assim paleia?
só aquele gajo do verso de ferro e plástico
Sempre muito no domínio do fantástico
Senhor acídico, cínico. Admita-se, um boémio crítico
Não brinquem
Um dia, ainda vai correr mal, como um paralímpico
Agora é tarde demais. Não sei como voltar a casa
Perdi o rasto das minhas pegadas quando ganhei asas
Acontece. A precisar de café
mas só bebo quando chegar a casa
Cá fora, consigo sentir o hálito da pessoa anterior na chávena
A meio de uma frase, paro, numa de
Espera aí, eu estou-me a pintar uma besta
Não tarda, estou a cortar a minha orelha esquerda
A oferecê-la, como uma prenda natalícia de uma lenda viva
Podia morrer agora, que não aparecia nas notícias
Gostaria de mandar um grande, grande beijo à indústria
por me ajudar a filtrar horizontes
Daqui para a frente, é só queimar pontes