Moacir dos Santos e Sulino
Moda de Viola
Vendi espingarda e buzina, caçar pra mim se acabou
Cachorrada não vendi, mais lá em casa não ficou;
Um a um dei de presente foi assim que terminou,
Preste atenção meus amigos
Exatamente comigo essa história se passou!
Sai cedo pra caçar bem logo que o sol raiou
Achei um rastro fresquinho onde o matreiro mateiro passou
Eu soltei a cachorrada, vi que o mundo revirou,
Numa quiçassa fechada
Escutei a barruada quando o bicho levantou!
A caça tem que passar na espera onde estou,
No pulador costumeiro nunca ela refugou,
Se passar por outro lado até hoje não escapou,
Tenho um cachorro valente
Que aprendeu pegar nos dentes a caça que desviou!
Correndo atrás da caça magrela enveredou,
De longe até parecia uma boiada que estourou.
Quando ouvi o barulho e a cachorrada chegou,
Saiu bem na minha frente
Um filhotinho inocente nos meus braços se atirou.
O filhote viu em mim o seu anjo protetor
Com o bichinho nos braços cheguei a chorar de dor
Enfrentei de ponta pé meu cachorro pegador,
O filhotinho tremendo
Parecia me dizendo me proteja por favor.
Sou humano e tenho alma mesmo sendo pecador,
Doeu na minha consciência, deixei de ser caçador,
Eu não sei se foi castigo ou lição do criador,
Esta linda criação
Trouxe pro meu coração um pouquinho mais de amor.