A palavra proibida
Não se fala, não cogita
De virar pra quem debocha
Do cabelo da pretinha
Não se pode nomear
Descrever o que é que é
Preconceito com o preto
Que não é do seu boné
Adora pagar de gueto
De bancar muleque doido
Se sentir o maloqueiro
Chei de dinheiro no bolso
Da mesada do papai
Pra semana que entrou
Mas humilha o neguin
Que te olhou e cê num gostou
Fala de Deus
Diz que Ele é justiça
Mas é mimimi do preto
Se ele diz que tu é raci
Ah, não pode falar
Lembrei, cê se magoa
Não pode dar nome aos bois
A essa arrogância toda
Porque: Tá tudo bem
Brincar com a cor do nego
Tá bem também
Zoar com seu cabelo
É brincadeira!
Que falta de senso de humor
Para de ser barraqueiro
Seu grosso, magoou!
Morre mais um jovem negro
Ah, tava demorando!
Aposto que reagiu
Pediu, acabou tomando!
Brincava dentro de casa
Por que num tava na escola?
Era plena quarentena
Aham que caio nessa história
Agora a culpa é dos puliça
Que se arrisca todo dia?
A subir numa favela
Pra acabar com os trafica?
Não importa se é criança
Tava em casa, ia na igreja
O que importa é cê parar
De conspirar essas besteira
Trauma
Doi na minha alma
Corta fundo e mata
A palavra proibida
Porque o Brasil não é raci
Para
Foi só brincadeira
Tá exagerando
Eu tenho até um colega negro lá do banco
Ahh, cansei!
Dessa palhaçada
Vou ser direta contigo
Tu é raci--- pra caraca!
E não vem me censurar
Porque não gosta da palavra
Tu tem peito pra ofender
Mas não assume as cagada
Fala tranquilamente
Que tem pinta de bandido
Mas o cara só é negro
E teu racismo é escrito
Com caneta colorida
Washi tape e marca texto
Falta pôr um pisca pisca
Pra gritar pro bairro inteiro
Mas pra você racismo
É só preto apanhando
Até os que leva tiro
Você tá justificando
Somos todos ser humano
Esse é o papinho clássico
Pra tá se esquivando
Da responsa dos seus atos
Eu
Tô cansada de ver essa desgraça
Mi-nha
Pele preta já tá desgastada
Mui-tas
Outras foram por aí furadas
Genocídio
À porta da pretaiada
Não
Vou me calar
Pra esse chicote de palavras
Meu povo Já cansou da sua laia
Vou deixar uma coisa clara
O racismo ainda mata!
Trauma
Doi na minha alma
Corta fundo e mata
A palavra proibida
Realidade ignorada todo dia
Para
Num é só brincadeira
Teu papo racista
Oprime a minha galera
Então tu me espera
Que eu vou expor a tua malícia
Será que George Floyd e João Pedro finalmente conseguiram despertar os olhos vendados e adormecidos perante a violência e genocídio que o povo preto sofre?
Nada! Foi só cena virtual! Metanoia de quem cansou de oprimir gente preta? Então chega de cena, que racismo não é só bater em preto, tuas palavra também envenena
Mata a alma, fura, dilacera
Meça suas brincadeiras
Pagar piadista só pra falar besteira
Ruim é teu preconceito
Então não toca no meu cabelo
Eu sei que é macio
E você não precisa encostar
Falar que sou preta bonita
Tentando me elogiar
Preto e gato é sinônimo
Seja de lace, rasta, black ainda é incômodo
Pra quem não entendeu
Que os cachinho dourado não são os único cabelo de anjo
E a pretaiada vai seguir se empoderando
Não basta não ser racista
Tem que ser antirracista
Olhar pro seu privilégio
Se impor com a sua amiga
Seu brother
Que ama uma piadinha
Ou dizer que deve tá suja
As tranças daquela mina
Cê não se cansa de ver injustiça à rodo na sua frente?
Então toma vergonha e começa a agir diferente
Não pergunta se tu é racista com medo
Pergunta como tu faz pra mudar isso que veio de berço
Trauma
Doi na minha alma
Corta fundo e mata
A palavra proibida
Realidade ignorada todo dia
Para
Num é só brincadeira
Teu papo racista
Oprime a minha galera
Então tu me espera
Que eu vou expor a tua malícia