Subi o rio Ivinhema
Numa canoa de remo
Fui caçar no Gato Preto
Um lugar bão que só vendo
Levei a minha dois canos
E meu cachorro veneno
Soltei no rastro de onça
O bicho saiu fervendo
Meu cachorrinho é sem raça
Mas pra levantar uma caça
Pra ele é café pequeno
Dando sinal de levante
Entrou na mata fechada
De repente lá no alto
Ele deu uma barruada
Eu falei pro companheiro
É onça e das bem criadas
Minha espingarda tem bala
Fico firme na cilada
O senhor é de coragem
Vai esperar na passagem
No corredor da picada
O Zé Pedro é desses homens
Que não deixa pra depois
Ergueu a traia nas costas
E já saiu no pé dois
Dizendo cercar a onça
Muito apressado ele foi
A onça, ele ainda disse
Vive só comendo boi
Sabendo desta façanha
Me interessei pela banha
Pra temperar meu arroz
A corrida foi embora
Descambou no espigão
Eu até fiz um cigarro
Descansei sobre o garrão
De repente foi voltando
Rodeou pelo capão
Meu cachorro começava
Um sinal de acuação
Gritei assim pro Zé Pedro
Vou tirar o couro mais cedo
Da rainha do sertão
Ele veio ao meu encontro
Pra ir no pé da pintada
Meu facão de aço puro
Foi abrindo uma picada
De longe avistei a onça
Por de trás de uma ramada
Ele deu um tiro nela
Ela foi nele de unhada
Pra terminar meu enredo
Matei ela pro Zé Pedro
E o resto eu não conto nada
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)