Outro dia eu pus a sela em minha besta marchadeira
Fui visitar o cruzinha do menino da porteira
De longe eu avistei uma moça boiadeira
Ajoelhada ao pé da cruz na sombra de uma paineira
A ela fui perguntando, porque estava chorando
Com os olhos lacrimejando me falou dessa maneira:
A tempos meu irmãzinho, foi morto nessa porteira
Por um boi sem coração que só vinha na ponteira
Quando a boiada passou a estrada cobriu de poeira
Só ouvi os gritos tristes e as palavras derradeiras
Me vale minha mãezinha eu não sigo a sina minha
Mas peço a minha irmãzinha pra um dia ser boiadeira...
Minha pobre mãe correu na mais triste aflição
Vendo o filhinho morrendo caiu de joelhos ao chão
Hoje estou aqui rezando na cruzinha do estradão
Quando passa um boiadeiro, também faz uma oração
E deixa no pé da cruz uma moeda e uma luz
Pedindo ao bom Jesus pra lhe dar a salvação...
A sombra dessa paineira hoje dorme sossegado
Atendendo o seu pedido, cresci na lida de gado
Andei até encontrar, os chifres do boi malvado
E troquei pelas moedas que os peões tinha lidado
Veja seu moço o destino, sou a irmão do menino
O filho de ouro fino que aqui foi sepultado...