Quero soltar
Um riso incontido
Sem sentido
Ferido
De uma alegria
Irrestrita
Aberta
Descoberta
Incerta
Quero lançar no ar
Um riso vão
Sem explicação
Vindo do fundo
Do raso
Do oco
Do vazio
Do nada, do nada
Numa vontade irreprimível
Incontrolável
De rasgar o verbo
De quebrar o clima
De voltar por cima
Por baixo
Por baixo
E revoltar os ouvidos
Abrir as entranhas
Incomodar o alheio
Quero me perder
Num riso
Há tanto massacrado
Engaiolado
Perdido Pelo cotidiano
Pelo tédio
Pelo sério
E depois
Reencontrar
Na calma
A alma lavada
Secada
Amaciada Limpa
Riso impar
Riso impar, rá... rá... rá... rá