Tarde fria de domingo, eu piazote casereando
Quando avistei no potreiro um novilho me encarando
Eu loco pra esquenta o corpo, olhei e ajeitei o chapéu
De hoje tu não me escapa e fui "campeá" meu sovéu
E não pensei duas vezes
Já repontei pra mangueira
Parecendo contrariado
Cruzou num vão da porteira
Com muita cancha e cuidado
Larguei de manso o sovéu
Quando cerrou no pescoço
Foi aquele baita tendéu
E nisso abriu-se a porteira
E lá vinha eu de arrasto
Peleando na terra solta
Mas logo já deu no pasto
Calcei o pé numa pedra
Pois era grande o escarcéu
Confesso, vinha assustado
Mas não larguei do sovéu
O novilho era teimoso
E tinha uma força medonha
E mesmo eu sendo um piazote
Não queria passar vergonha
Força, garra e vontade
Eu tinha aos "mundaréu"
E além do mais eu andava
Bem calçado de sovéu
Já vinha escurecendo
Quando deu assim num "baxo"
Esbarrou e virou de frente
Com aquele entono de macho
Tinha me passado o susto
Dei uma olhada pro céu
E soltei um grito pachola
Mas meio mal de sovéu
Mesmo estando uma friagem
Voltei pro rancho, suado
Faceiro e dando risada
Apesar de bem judiado
Ninguém viu minha proeza
Não ganhei nem um troféu
Mas até hoje me lembro
Que fortidão de sovéu