Deicha o coração falar, deicha a alma voar
A coragem nos faz caminhar, com amor ninguém vai nos parar
Deicha o coração falar, deicha a alma voar
A coragem nos faz caminhar, com amor ninguém vai nos parar
Não espero pela história
Tenho em vida a minha glória
Não vim ao mundo pra ser vitima da dor
Herói em tempo amargo, onde dinheiro é o senhor
Espinho na estrada da vida pisei
O fardo da carência também carreguei
Herói vivo da frente revolucionária
Minha dor é tão profunda, que se alimenta com insónia
Nasci num berço de ouro
Mas os meus pais mostraram-me a vida dura
Individado com a minha mãe
A heroína que em mim segura
Filho nocturno desta podre nação
Tatuei herói pra vida, no seio da alma e no fundo do coração
No seio da alma e no fundo do coração
Deicha o coração falar, deicha a alma voar
A coragem nos faz caminhar, com amor ninguém vai nos parar
Deicha o coração falar, deicha a alma voar
A coragem nos faz caminhar, com amor ninguém vai nos parar
Já passei, por vários momentos
De medo angustias e tormentos
Tristezas frustrações e lamentos
Desvalorizado tratado como objecto
Tive acamado altamente doente
A ver o meu irmão a morrer a minha frente
Não acreditei foi tudo de repente
Chorar não adiantou o nigger foi pra sempre
Tive desempregado sem eira nem beira
Pensei em suícidio roubo e outras cenas
Andei disperso fora das regras
E com o Malonghy, acabei na kuzueira
Pedreira mão de obra barata
Em terras distantes a saudade era tanta
Sofrimento excessivo angustia queimava
Mantive-me firme apesar da vida madrasta
Deicha o coração falar, deicha a alma voar
A coragem nos faz caminhar, com amor ninguém vai nos parar
Deicha o coração falar, deicha a alma voar
A coragem nos faz caminhar, com amor ninguém vai nos parar
Morre a lua nasce o sol, nem sempre o sol brilha
As mil maravilhas, como na vida da família
Dos anjos arcanjos, demónios e santos
Padroeiros da miséria, e mais outros tantos
Bouquet de espinhos, que a vida me presenteia
Constantemente nessa, social cadeia
Onde a dose de Diaze, nem sempre acalma
O mar de prantos, que flui na minha alma
Quando me falta pão e queijo, no fundo do poço me revejo
Quando estou à beira do despejo, nasce em mim o desejo
De desistir de tudo, e apressar a minha partida
Na cidade da kianda, não encontro a saída
Dos mil e um problemas, que eu contraceno com a vida
No palco da miséria, e da ganância desmedida
O encenador é masoquista, e o precipício é fundo
Sinto-me como um estrangeiro, no meu próprio mundo
Deicha o coração falar, deicha a alma voar
A coragem nos faz caminhar, com amor ninguém vai nos parar
Deicha o coração falar, deicha a alma voar
A coragem nos faz caminhar, com amor ninguém vai nos parar