" A verdadeira verdade,
É que a mentira sempre fala parte da humanidade,
Então cabe a nós usá-la apenas pra insinuar que a verdade não existe,
A vida é desse jeito."
Guettho é guettho!
Eu nasci e fui criado em um guetho,
E sempre senti a mesma sensação que você que tá preso,
A minha favela é o seu presídio
A sua sela é a casa onde eu vivo,
Acompanhado de amigos que estão sempre ao meu lado,
E também dos inimigo atrasalado.
E os atrasalados chegam sempre encapuzados,
À paisano ou fardados eles ficam enfiltrados,
Da cabeça aos pés armados,
Se ligando no seu papo,
E quando você pensa em dar o primeiro passo,
Aí é logo abordado.
E a abordagem é assim ó:
"Queta fica paradinho, êpa,
Ajoelha com a mão na cabeça, ladrão"!
"Queta fica paradinho, êpa,
Ajoelha com a mão na cabeça"!
"Se tiver com algum flagrante,
Pode crer vai ser levado,
Mas se você não tiver fragmentado,
Não é logo liberado,
Porque antes vai levar,
Pra o patrão certo recado
Pra o patrão ficar ligado,
Que o seu carro importado,
Vai ser só mais um trocado"
Aí sim, sou liberado,
Vou andando meio assustado,
Nem sequer olho pro lado,
E só quando eu chego em casa é que eu fico aliviado.
E um dia após aquele fato,
Levo pra o patrão o recado
Que quando o homem fica empilhado,
E acende um baseado, emprensado,
E depois de ter fumado,
Ele olha nos meus olhos,
E faz esse comentário:
"Aí irmão,
O bicho vai pegar,
A cobra vai fumar,
Várias cabeças vão rolar,
Se vier vai achar,
Se puxar nóis vai trocar, pode crer,
E fique ligado, que não vai ter combinado,
Já diz o velho ditado:
Quem paga pau pra homem é viado!
Ficou sinistro, o guetho,
O beco ficou mais escuro, mais estreito,
Ficou sinistro, o guetho,
E o beco ficou mais escuro e mais estreito.
Eu pedi pra a pomba branca levar um recado na sua porta,
Mas ela já tava cansada e quem levou foi a gaivota,
A gaivota tá batendo na sua porta, abre aê,
Pra te passar a real do que vai acontecer.
Gaivota,
Vai e volta,
Leva o recado do massacre que vai ter na sua porta. 2x
A gaivota, ta batendo na sua porta, abre aê,
Pra dizer que já morreram cinco, e tá passando na tv,
O diguinho, o marcinho, pedrão, miguito e o tererê,
Tudo era mão, sangue bom, mão, pode crer.
Mas morreram no massacre da rua de trás,
Na terra que Jesus pisou,
Massacraram minha liberdade,
Por isso quer saber de mim,
Vida loka eu sou.
Massacre na rua de trás,
Na terra que Jesus pisou,
Massacraram minha liberdade,
Por isso quer saber de mim,
Vida loka eu sou.
Vida loka, vida loka,
Vida lô ô ô ô ô ô ka. 4x
Eu vou dizer antes que esqueça,
Porque dentro da cabeça,
A fumaça deixa presa a informação,
Que vida de ladrão,
Não é vida de político,
Roubei pra comprar o pão,
E não, pra ficar mais rico,
Vida de ladrão,
Não é vida de político,
Roubei pra comprar o pão,
E não, pra ficar mais rico.
Vida loka, vida loka,
Vida lô ô ô ô ô ô ka. 4x
É somente o cidadão,
Que leva vida de ladrão,
É sim, de verdade,
A diferença é que hoje ele está preso,
E eu vivo em liberdade,
- Se desacreditar, eu vou engatilhar,
Se ligue na ideia que eu vou mandar.
Vários do lado do bem, são empurrados pra o mal,
Vítimas da convicção social.