Quando as cortinas da noite cerram as portas do horizonte
A lua, de trás dos montes vem surgindo, ao despacito
Ali, noitando o ranchito, dedilhando o velho pinho
Vou disfarçando, aos pouquinhos, a dor de viver solito
Solito é que a gente sente como é enganosa esta vida
Quantas lágrimas sentidas choramos, ao compreender
Que o lema "amar e viver" é falso e não tem valor
Pois desde o primeiro amor já se começa a morrer
Por isso, eu vivo cantando enquanto a morte não vem
Já que não tenho ninguém para chorar a minha ausência
Vou pra divina querência açoitado pelos anos
Repontando os desenganos pela estrada da existência
Só restam reminiscências, lembranças de outros dias
E a marca das judiarias que a minha prenda me fez
Mas se Deus, que é tão cortês, me reencarnar novamente
Eu voltarei, bem contente, para lhe amar outra vez