“Que venha um verso de inverno,
Ressoando longos, na canção mais fria,
E o coração do serrano é mais quente,
Pra enfrentar a invernia.”
Cuidando a água do mate me acomodo junto ao fogo
E logo a noite desaba, lá fora só chuva e vento
Passo o braço na guitarra, como se busca uma china
E tapo de rimas brasas, tentando enganar o tempo.
E me atento numa milonga que a noite se alonga
Mateando uma saudade, se esvaiu a tarde
E a chuva não deu trégua e eu légua e légua de canto
Tchê, milonga caborteira sem eira nem beira
Que se achega aos pelegos, trazendo o aconchego
Que me falta ao rancho, quase virado em tapera.
Milonga...
Parceira das longas noites, com mates de espera
Das lidas de campo, das manhãs de geada
Em que se veste de branco, a princesa da serra.
Milonga...
E vem com versos de inverno,
Ressoando longos na canção mais fria
E o coração do serrano é mais quente,
Pra enfrentar a invernia.
Se estampam traços de história nessa rude paisagem
De tropas buscando o norte, de morte a ponta de adaga
Talvez um dia me tragam os desvareios da sorte
Uma morena das Lages pra dividir madrugadas
E me aparto numa milonga que a noite se alonga
Mateando uma saudade, se esvaiu a tarde
E a chuva não deu trégua e eu légua e légua de canto
Tchê, milonga caborteira sem eira nem beira
Que se achega aos pelegos, trazendo o aconchego
Que me falta ao rancho, quase virado em tapera.
Milonga...
E vem com cheiro de mato, mates de varanda
De terra molhada no tranco das tropas
Que cortavam estradas pela princesa da serra
Milonga...
Que venham versos de inverno,
Ressoando longos na canção mais fria...
E o coração do serrano é mais quente
Pra enfrentar a invernia...
E o coração do serrano é mais quente
Pra enfrentar a invernia!