Meu olhar é negro
Sou a noite
e a face triste é o dia
Na cadeira velha
Meu corpo cansado
Jogado pra vida, apaixonado
Roupas velhas
De um homem sem ninho
Blusa branca
E um terno de linho
Lábios secos, como o sertão
No peito um a faca
E a vida na mão
Vida curta, cabelo comprido
Terra boa e povo oprimido
Floresta de fogo
Terra de temporal
Que queima calada
Pro grito fatal
Cabra macho do sertão
Quando chega a meia-noite
Canta desenfreado
Mas canta com o coração
Ei! Meu sertão! Meu sertão
Só existe uma palavra
Que vive no coração
É amar a terra ingrata
E andar de pé no chão
Ei! Meu sertão ei! Meu sertão