Sou filho do tempo e da mãe natureza
Acompanho o vento pra onde ele for
Criado no campo cresci desgarrado
Maniador nas patas ninguém vai me por
Pra correr estradas tenho meu cavalo
Bagual ensinado só falta falar
Se alguém se atraver por a mão no toso
O bicho sestroso pega a manotiar
Nunca fui querido pelos invejosos
Por isso uma história agora vou contar
Perto da fazenda que estou trabalhando
De uma carreirada quis participar
Não me convidaram por ser forasteiro
Também meu dinheiro ninguém quis pegar
Me viraram as costas foram me falando
Para bandoleiro aqui não tem lugar
Preparei meu pingo para ir embora
No galpão meus trastes comecei juntar
Senti no meu ombro uma mão macia
E uma voz suave começou falar
Sou dona da estância e estou resolvida
Sua montaria já mandei celar
Seu pingo é de raça e eu dou garantia
Que essa carreirada nós vamos ganhar
Meu Pingo ligeiro ganhou a carreira
E a fazendeira veio me falar
Quero que prometa que não vai embora
Se seu potro nele me deixar montar
O bicho manhoso tornou-se amistoso
Quando a caprichosa em seu lombo saltou
Sorriu maliciosa pra mim, já orgulhosa
Certa que também meu coração pialou
Agora em seus braços vivo apaixonado
E o pingo na invernada ela mesma solto