Quando ouço um resmungo de gaita
Se alvorota minha alma campeira
O meu peito já sai cabresteando
Gaguejando ao roncar da vaneira.
Pois recordo de um baile de rancho
Com pandeiro e tinido de espora
A cordeona gemendo num canto
Noite adentro esquecida das horas
Dava gosto de ver o entreveiro
E a nuvem de pó que subia
Incendiando a noite campeira
Bem do jeito que a gente queria.
Era saia de chita rodando
Era moço tinindo as esporas
Era veia perdendo as tamancas
E era velho de língua de fora
Qualquer dia me enfrasco de canha
E me largo batendo na marca
Pra um surungo de fundo de campo
Que sou taura e me agrada a fuzarca
Me enforquilho nos braços da china
E me perco no meio da poeira
Quando tô arrastando as esporas
Me esqueço da segunda feira.