Vou te contar uma história estranha
de um tempo distante
Que fez a ponte entre a terra brasilis e o reino de alá
Foi numa noite sombria em que a lua estava minguante
Quando encontrei um velho viajante lá do ceará
O velho tinha um bigode pontudo e o olhar envidrado
E disse amigo vem cá que um segredo eu vou te contar
Por uma soma de dez mil cruzados
te passo de grado, de papel passado
Um mapa raro que leva ao tesouro do gran marajá
Na mesma hora minha boca secou
e os meus olhos brilharam
Pensei na fama, fortuna e dinheiro que eu ia encontrar
Passei no banco e saquei toda a grana
que eu tinha guardado
Disse "até logo velho viajante
e agora me passe esse mapa pra cá! "
Voltei pra casa peguei minha mala e a escova de dente
Botei paçoca, mandioca, farofa, farinha e fubá
E fui correndo pra beira do cais
que leva pras águas lá do oriente
E escondido num navio cargueiro fui pra bagdá
Quando lá cheguei, cheguei
Um camelo e um turbante eu comprei
Quando lá cheguei, cheguei
O narguile e o haxixe eu fumei
Eu cavei pra frente, cavei pra trás
Eu cavei bastante, eu cavei demais
E quando alguém me mandou parar
Ainda cavei mais
Eu cavei com a mão, eu cavei com a pá
Naquele sol quente que tinha lá
Mas nenhum sinal do tesouro maldito eu pude encontrar
Quem foi disse, quem me mandou acreditar
No tal do tesouro do gran marajá
Quem foi que disse que me mandou acreditar
No velho caolho que quis me enrolar
Fiquei cansado de ficar cavando
Sem nada no bolso com as mãos abanando
Fiquei na lama, sem fama e dinheiro
E sobrei com um camelo, um turbante e uma pá
E quando eu voltei, voltei
Te confesso, vergonha eu passei
E quando eu voltei, voltei
Dois barril de cachaça eu tomei
Sem nenhum tesouro do marajá
E só com histórias para contar
O velho caolho eu mandei pastar
E fugi de lá
Eu fui lá pra ilha do marajó
Pra tocar num grupo de carimbó
Eu provei o pato no tacacá
Jambu e cajá
E pra minha vida se ajeitar
Eu formei um bloco de ijexá
E em fevereiro, faço um bom dinheiro
Saindo nas ruas de ali babá