Eu que nasci na campanha, contemplando céu e campo,
Com a luz de um pirilampo refletida sob a franja.
Que vivi pisando flor revirando o céu dos pastos
Sempre terei no olfato recuerdos se terra e sanga.
Agora estalando pedra na sina de charreteiro
Num outro ofício campeiro carrego a cidade em mim...
a mesma que esbarra inquieta na lentidão do rodado
Pelo andar desatinado que nunca sabe do fim!
Meu Rio Grande são as cores de um lume de sinaleira
Na viseira os horizontes minguados de sol e lua.
Com as mazelas nas cruzes pelo meu destino andante
Sigo eu... um claudicante tendo o legado das ruas!
Eu que fiz meu próprio tempo levando a pátria encilhada,
Cortando rastros em armadas nos fundões do continente...
Pastejando a contra-gosto num corredor de avenida
Faço da lida que é minha sustento pra tanta gente!
Volteando o mundo da soga daqui de um quintal de vila
Changueando por pão e pila sou mais um com esta indiada:
Tantos iguais doutra espécie que não inspiram poesia
Mas são pura nostalgia cargueando a vida na estrada!