Se desperta a manhã preguiçosa
E o albor no oriente sorri,
Vão também em minh?alma saudosa
Despertando as saudades de ti.
Quando a tarde declina morosa
Entre as cores de raro rubi,
Eu me lembro de ti, flor cheirosa,
E lamento as saudades de ti.
No jardim corre a brisa vaidosa
A levar os perfumes daqui.
Só não leva na asa sedosa
As saudades que tenho de ti!
Se escuto além, bem distante,
O gemer da fugaz juriti,
A minh?alma também soluçante
Triste chora a saudade de ti
Se escutares, oh deusa mimosa,
O clamor de uma voz, por aí,
É a queixa dolente e chorosa
Das saudades que tenho de ti.
Quem me dera se eu fosse na vida
um pequeno e veloz colibri!
Correria a beijar-te, querida.
Mataria as saudades de ti.
Goiás, 1936