Sou menino mandigueiro
Meu cabelo não penteia
Moro no escuro da noite
No clarão da lua cheia
Sou errante estradero
Mas conheço o meu caminho
Sou parente da saudade
E me rondo eu sozinho
Moço eu não moro aqui
Nem carece de eu entra
moro nas bordas do açude
Vendo minha alma boia
Durmo sobre a lona azul
Me espriguiço no orvalhar
Sonho com a porta aberta
E se a saudade quer entrar
Sob a luz de uma fogueira
Desenrolo o meu penar
Arepare aquela estrela
Já ouviu meu soluçar
Saudades de ti morena
Deixo um gosto de juá
Tome meu adeus agora
E vou me embora
Vou cantar pr'outro lugar
Sou poeira dessa estrada
Onde a boiada pisou
Sou a parte enfeitiçada
Que a Santa não rezou
Nem pergunte de onde venho
Sou do engenho sou sozinho
Rodo pé rodo o moinho
Caço a laço o meu caminho
Moço eu não moro aqui
Nem carece de eu entra
moro nas bordas do açude
Vendo minha alma boia
Durmo sobre a lona azul
Me espriguiço no orvalhar
Sonho com a porta aberta
E se a saudade quer entrar
Sob a luz de uma fogueira
Desenrolo o meu penar
Arepare aquela estrela
Já ouviu meu soluçar
Saudades de ti morena
Deixo um gosto de juá
Tome meu adeus agora
E vou me embora
Vou cantar pr'outro lugar