Quão calada e escura é a noite
Saltam mais os astros
Longe caem e queimam em mim
Que, sozinho, por ti me basto
Ardo em febre
E em pensamento
Vago em direção
Aos teus olhos vagos
No fundo rasos
D’água e ilusão.
Mingua a lua tanto mais
Quanto a saudade aperta
Entre mim e a dor
Não sei quem chega ao fim
Hoje acho que já não se morre mais de banzo
Mesmo a 40º encharcando o lençol
E ansioso por que me salve
Aguardo o clarão do sol.
Eis que surge então
A chuva, a queda das estrelas
Desabamento do céu ao chão
No que se assemelha desordenado
E a gente trabalhando assim inconsciente
Pensa que sonha o que deveras sente
E é só a solidão do processo
Qual outra cadente.