Negro cantava dentro da senzala
Havia no seu canto um misto
De magia e cor
Quando tentou cantar no meio da rua
Baixou o edital
Por ordem do imperador
Pra vetar, proibir o som do negro
Proibi-lo de sambar
De mostrar sua malícia o seu jeito
De gingar
E quando negro viu que era proibido
Cantar e batucar na cidade grande
Pegou o seu tambor, agogô e tudo
Voltou lá pro engenho no interior
Sem cantar, sem sambar
Sem o seu lê lê lá lá
Chegando lá ele voltou a cantar
Cantou bonito, fez batuque
A noite inteira até o sol raiar
Pois deixa estar, pois deixa estar meu sinhô
O tempo passa e com ele vai o veto
Do imperador
O tempo passou, findou a escravidão
Cheio de emoção
O negro do brasil chorou
O povo cantou nos campos e nas ruas
Prestou grande homenagem
À filha do imperador
Logo após que o negro ficou livre
Pra mostrar sua magia
Cantou samba como nunca
Foi um mar de euforia
Arrastou, envolveu
Fez sambar sinhô, sinhá
Chegando lá, ele voltou a cantar
Cantou bonito
Fez batuque a noite inteira até o sol raiar
Pois deixa estar, pois deixa estar meu sinhô
O tempo passa e com ele vai o veto do imperador