Em todo espelho me vejo
Um labirinto de Borges
Quando me encontro e me perco
No que me prende e me foge
Porque nao olho pra dentro
Igual ao olhos de Borges
Meu canto escorre pra fora
Numa ampulheta quebrada
Apenas canta o que chora
Ferido na propria espada
Vendo o ciclo da espora
Na pampa desconsolada
:/ Pois nos porões da memoria
Por não ter chave, não entro
Meus olhos de olhar pra fora
Não sabem olhar pra dentro /:
A face que me revela
Na face lisa do vidro
Me faz prisioneiro dela
Num estranho refletido
O mundo externo é uma cela
Onde me encontro detido
:/ Eu vivo fora de mim
E cada verso que foge
Se perde pelos confins
Nas setas do meu alforge/:
:/ Eu sou o inverso de mim
No universo de Borges /: