Louca serrana, teu longo pranto
Não ameniza teu sofrimento
porque o ente a quem tu procuras
E tanto chamas, não mais existe.
De gota em gota vão tuas lágrimas
Até o fim deste teu lamento
Até que o mundo, através dos tempos
passe a contar tua história triste.
Perdeste esposo, perdeste filho
Depois caíste sob o delírio.
Porém nasceu tua desventura
Na crueldade de assassino
Hoje as crianças que de te zombam
São insensíveis ao teu martírio
Porque não sabem do teu passado
Nem compreendem teu desatino.
Outrora bela e tão cobiçada
Viveste em plena felicidade.
Agora Louca na serra inóspita
E a vagar como um cão sem dono.
O teu esposo, o teu filhinho
Ambos estão na eternidade
Tua casinha tão solitária
No triste quadro do abandono.