No tiro, estilingue, bodoque
No teco, num toque, um coque
No quengo, na nuca, cabeça
De qualquer caraça avessa,
Qualquer caratonha fechada,
Azeda de feia zangada,
Que mexa, chateia e me bula,
Pra ver quanto alto sapo pula
Pedra vai levar.
Ah! Moleque se um dia eu te pego
Erva daninha, estrepe
De ripa, marmelo te esfrego
Moleque vem cá moleque
Moleque vem cá moleque
Não, não eu não vou lá.
Vem me pegar, eu quero ver.
De mão, de pé, pau cajado
Na tapa, na briga me acabo,
Revolvo, reviro, decido,
E mesmo no ganho ou perdido,
Me amigo ao meu amigo inimigo,
Me livro do mau e do perigo,
De bicho pelado que trança
Idéias de uma vingança,
Que é pra me cuidar
Ah! Moleque... etc.
Fruto gostoso, desejado,
Lua, vizinho, cuidado,
Cercadura, arame rela
Rosto, rosa, luz, janela
Siu, assovio, voz rouca,
Beijo estalado na boca
Depois a corrida abraçado
No peito o gosto de um amor roubado
Que é só pra provar.
Ah! Moleque... etc.
No medo, não tremo, não corro,
Avança, me lanço, estouro
Valente, eito combato,
E ao mesmo tempo me trato
Covarde na sabedoria
Que ergue, cresce, se cria
Só na hora boa e precisa
E corta o mal bem onde enraiza
Que é pra não voltar.
Ah! Moleque... etc.