Ela acorda todo dia
Quase sempre ao meio dia
E só volta para casa as 4:30 da manhã
O telefone celular vive sempre ocupado
Seu corpo quente e suado
Arde como hortelã
O seu rosto à noite fica
Com seus olhos maquiados
Faz do espelho vermelho
Sua vitrine pro seu fã
Sua agenda é lotada
O seu corpo é marcado
Seu sorriso é enferrujado
Com as cores de batom
Ela dança Spice Girl no espelho
Maria Fernanda não agüenta mais sambar
Ela desfila e tem carreira de modelo
E sonha um dia só amar, amar, amar
Maria Fernanda é solitária
Não agüenta mais sambar
Sua lista de fraqueza
É sua alta piedade
Não agüenta mais porrada
Só espera encontrar
Que um dia o amor bata
Na sua porta de verdade
Seus dedos todos queimados
De tanto caçar viagem
Se escondem nas suas unhas
Todas grandes coloridas
Seu nariz sempre pra cima
Já não tem mais cartilagem
Sua vida já está gasta
Já está quase esquecida...
E ela desfila no asfalto
Com sua bota alta de coro
Ouve Spice Girls direto
E tem também dente de ouro
Na avenida badalada
Encostada ao pára-choque
Ela espera algum trouxa
Pra aplicar o grande golpe
E na volta para casa
De manhã já quase tarde
Chora sua triste
Peregrinação de vaidade