Surgiu no horizonte o vulto empoeirado
De uma grande tropa
Um grito de venha chamou pra janela
Os olhos do rancho
De ponteiro o Maneco com o sombreiro tapeado
Embala um picaço
Na culatra do gado no mesmo reponte
Eu enxergo meu pai
Um cusco ovelheiro atora o silêncio
Acoando na volta
E a tropa pesada no mesmo compasso
Se arrasta com calma
Um grito de venha se alça no vento
Que sopra e se solta
E o berro tristonho do gado em reponte
Ecoa na alma
A poeira da estrada que se ergue nos cascos
Sufoca as retinas
Dos olhos vidrados no vulto estendido
Que a imagem retrata
Cavalos de muda, capões pra consumo
Estampas sulinas
Apegos e sonhos, anseios e mágoas
Fiador e culatra
Floreando a garganta estalo com força
Um relho de braças
Meu mouro assustado assopra nas ventas
De um jeito sestroso
Tropeiro me vejo e tropa me sinto
E meio à fumaça
Porque o destino é gado que estoura
No último pouso
Dos dias que passam e as marchas que faltam
A mim me pergunto
Pois sei que são coisas que talvez o tempo
Nunca me responda
Até minhas esporas que bem buzinudas
Fazem “contrapunto”
Juraram pra D´alva cantar em silêncio
Na próxima ronda
Mas quem sabe a barbela tilintando coplas
Me faça um costado
Quando o “quarto-chico” trouxer de cabresto
As barras da aurora
Quem sabe a saudade do meu rancho pampa
Me deixe costeado
E eu volte sereno pros braços da linda
Que tanto me adora!