Sou mato-grossense, sou um filho rude
Das florestas virgens do meu grande estado
Trago no meu peito força e saúde
Neste chão glorioso sempre abençoado
Uso com orgulho meu chapéu de palha
Trago sempre a faca na minha cintura
Vivo na floresta, nada me atrapalha
Se me sinto mal qualquer raiz me cura
Eu nasci pra ser trovador das matas
Gosto das morenas de rodadas saias
Em noites de lua faço serenata
E canto nas festas polcas paraguaias
Eu também costumo trabalhar na roça
Sei pegar na enxada como um bom roceiro
Bicos de tucano enfeitam minha choça
Couro de pintada, chifres de mateiro
Nas viagens longas em que me sujeito
Num cavalo bom sempre vou montado
Sou de tudo um pouco, vivo satisfeito
Caçador de onça, pialador de gado
Quando eu viajo levo na matula
Um churrasco gordo e uma pinga boa
Se no meu caminho uma onça pula
Meu quarenta e quatro não dispara à toa
Eu costuma às vezes variar o prato
Como milho assado e carne de inhambu
Atrás de uma anta revirei o mato
Já enfrentei queixada e já cacei tatu
Pelos quatro cantos do meu grande estado
Sempre estou presente, tomo parte em festa
Uma índia bela vive ao meu lado
Enfeita meu rancho dentro da floresta